Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

GRAPEFRUIT (Sérgio Salles-Oigers)


AS POSTAGENS DESSE BLOG SERÃO DE POEMAS DO ZINE 08 DO GAMBIARRA PROFANA, GRUPO DE POESIAS QUE PARTICIPO, O ZINE TEM 27 POESIAS DE 23 POETAS,ENTRE ELES, Sérgio Salles-Oigers, Márcio Rufino, Fabiano Soares da Silva, Arnoldo Pimentel, Jorge Medeiros, Agnaldo Estrela, Silviah Carvalho, Lenne Butterfly, Ivone Landim, Gabriela Boechat e outros.

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POETA DE HOJE: SÉRGIO SALLES-OIGERS (http://chicletesalgado.blogspot.com)

GRAPEFRUTI
Autor: Sérgio Salles-Oigers

Quero ver cores de cegar
Cegueira de matar
Toda luz que há
Todo azul do mar
Todo céu azul
Toda flor lilás
Todo verde dos canaviais
E se todo Jorge for de Lima
E se toda lima não for laranja
Meus olhos embaçados pelo o que não vejo
Salvará a cada beijo
Do grapefruit

Quero ver cores de cegar
Cegueira de matar
Toda luz que há
Todo vermelho de Bagdá
Todo branco da África
Todo cinza de Chernobyl
Todo sangue azul anil
E se todo preto for coca-cola
E se toda coca-cola for heroína
Meus olhos alucinados pelo o que não caço
Salivará a cada pedaço
Do grapefruit

Quero ver cores de cegar
Cegueira de matar
Toda luz que há
Todo branco de Jeová
Todo branco de Buda
Todo branco de Alá
Todo branco de Krishina
E se todo incolor for água ungida
Da cor da sede, da fome e da intriga
Meus olhos esfomeados pelo postulado
Salivará a cada bagaço
Do grapefruit

domingo, 26 de dezembro de 2010

AMOR ANORMAL (Márcio Rufino)


A PARTIR DE HOJE AS POSTAGENS DESSE BLOG SERÃO DE POEMAS DO ZINE 08 DO GAMBIARRA PROFANA, GRUPO DE POESIAS QUE PARTICIPO, O ZINE TEM 27 POESIAS DE 23 POETAS,ENTRE ELES, Sérgio Salles-Oigers, Márcio Rufino, Fabiano Soares da Silva, Arnoldo Pimentel, Jorge Medeiros, Agnaldo Estrela, Silviah Carvalho, Lenne Butterfly, Ivone Landim, Gabriela Boechat e outros.

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Poeta de Hoje: Márcio Rufino (http://emaranhadorufiniano.blogspot.com)

AMOR ANORMAL (Márcio Rufino)

Sentir o proibido não é nada,
Pior é aceitar o proibido
Num rumo qualquer da estrada,
Ou na dolorosa manhã da libido.

O outro não quer minha atormentada insônia
Muito menos que eu mude meu misterioso hábito
Só quer sentir o sufoco e o cheiro de sua agonia
Dentro do denso aroma que sai de dentro do meu hálito

Não é nada atender o desejo do outro
Pior é fazer com que esse desejo seja também seu
E ver dentro da lama do outro o ouro
Acreditando que o calvário é um doce himeneu

Entregar-se a perversão passiva,
É muito difícil como cômoda intolerância
Que revertida em condição de vida,
Brota em nosso peito uma vacância.

Da janela da minha casa,
O vento me beija numa linha retilínea
Mas vejam: Estou sem graça.
Lembrei-me que esta casa não é minha.

Olhe só toda beleza,
Que a morte desta tarde nos oferece
E preste atenção em toda destreza
De me encantar com seus olhos de quem não me conhece.

O futuro me assusta muito,
Com a ajuda do tempo me agride
Com ameaças de sérios infortúnios,
Onde o chão sob meus pés resiste.

O outro também quer me dominar,
Como o futuro e o tempo ele também é assim
Com frieza e crueldade quer me usar
Sem saber que também será vilipendiado por mim.

Com seu cinismo ele comanda a brisa louca,
Transforma nosso encontro num fato casual
Ele quer sentir o odor de seu sêmen em minha boca
Mas isso são sonhos imundos que povoam minha cama de casal.

Em seu feitiço ele busca uma corda de banjo
Em seu silêncio ele busca um bocal de clarineta
Pares de asas vermelhas de anjo,
Pares de chifres brancos de capeta.

O outro sou eu num idílio híbrido,
O outro somos nós num dilacerado momento.
Que desenha o amor anormal e ilícito
Num papel invisível rasgado pelo vento.

Esse amor que por se ousar existir,
Subvive a margem do planeta
Prestes a se deixar cair,
E ser amparado por um rabo de cometa.

Não sei o porquê de todo esse desprezo,
Se tudo que aí está é amor
Queria falar de todo o meu desejo,
Sem causar deboche nem horror.

Pois o outro me conhece como um mero conhecido
Me cumprimenta como um qualquer que por acaso me vê
Conversa comigo como um velho e íntimo amigo
E pede meus carinhos com a carência e dengo de um bebê.

Dedico esse texto a memória de Clarice,
E continuo sufocando a minha agressividade
Pois a anormalidade me disse,
Que o amor e arte é que salvarão a humanidade.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NATAL SEM SINOS


NATAL SEM SINOS

Não tem lareira na minha sala
O sapatinho na janela amanheceu vazio
Papai Noel não enxerga
Chaminés de desesperança
Não sou mais criança
Que acredita no azul além do mar
Recomeçar seria apenas o começo
Do abandono que ficou no tempo
Não tenho vento que iluda
As renas que conduzem o trenó
A janela ficou aberta
Mas chegou apenas o vento do desamparo
Meu presente ficou distante
O diário tem apenas páginas em branco
Ilustradas por desenhos pintados pela solidão
Hoje sou inverno desiludido
Poema embranquecido
Esquecido
Na noite sem sinos de natal
Hoje
Sou gaivota flutuante
Mas que não tem coragem
De viver um natal
Além do horizonte

sábado, 18 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL (Poema para o natal:Nudez escondida atrás do arbusto)


NUDEZ ESCONDIDA ATRÁS DO ARBUSTO
Poema livremente inspirado no poema de Fabiano Soares da Silva

A mãe pegou o menino pelo braço
E disse:
-Vamos ali
Puxou-o carinhosamente
Atravessou a rua
Entrou no bar
Colocou-o atrás do balcão
Para trabalhar
E disse:
Seu lugar é aqui
O menino depois de adulto lembrou:
Infância eu nunca tive ou vi
Nesse tempo acho que morri

Leituras recomendadas:

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

RACIOCÍNIO ILÓGICO


RACIOCÍNIO ILÓGICO
Autores: Arnoldo Pimentel, Jorge Medeiros, Júlio Cesar Camargo, Fabiano Soares da Silva, Lenne Butterfly, Sérgio Salles-Oigers)

Este poema foi escrito durante bate papo logo após o lançamento do livro "Bagagem de Mão" do nosso amigo e companheiro Jorge Medeiros, a ilustração é o quadro "Esquelotose" da Gabriela Boechat, existe também um poema da Gabi com esse nome,inspirado no quadro ou vice versa, assim é o Gambiarra Profana, juntos e misturados, que também nesse dia lançou o zine 08 em comemoração aos seus 11 anos, com poemas de Sérgio Salles Oigers, Lenne Butterfly, Jorge Medeiros, Fabiano Soares da Silva, Arnoldo Pimentel, Márcio Rufino, Silviah Carvalho, Gabriela Boechat, Ivone Landim, Agnaldo Estrela, entre outros
confira em hppt://gambiarraprofana.blogspot.com

RACIOCÍNIO ILÓGICO

Tem dias quando a noite cai
Que fica apenas a melancolia
Eu viro pro lado
Encontro a cama vazia
Viro para o outro lado
E tento encontrar outro espaço
Meu espaço é aqui
É uma linha entre o meu íntimo e tua entranha
Subindo, aquecendo
Virando o avesso e descobrindo
O verdadeiro sentindo de viver
Vivendo enquanto uma parte de mim morre
Mesmo antes de perecer

domingo, 12 de dezembro de 2010

AMOR E DOR EM PERGAMINHO EGIPÍCIO OU DO PLANETA VENUS QUE DEVERÁ SER ESQUECIDO SE FOR LIDO


AMOR E DOR EM PERGAMINHO EGIPÍCIO OU DO PLANETA VENUS PARA SER ESQUECIDO SE FOR LIDO

Comprei 1kg de arroz
E seis cervejas em garrafa
E mais seis em lata

Meu domingo não será tudo de bom
Tenho o arroz, um pouco de feijão, meia dúzia de ovos
Um pedaço de lingüiça
E mais nada

Será bom sim, esqueci
Tenho minhas cervejas em garrafas
E em latas
Geladas

Não preciso de mais nada para viver
Além de beber
E tudo esquecer

Rasguei meus livros e seus ensinamentos
Eram um tormento
Para mim só tem um ensinamento
Beber até morrer
Mesmo sem querer

Meu clamor no deserto foi um livro aberto
Sempre te procurei,
Mas por minha culpa
Nunca te encontrei

Que se dane a chuva que está por vir
Nem tenho guarda chuva
Então tudo bem
Não tenho mesmo pra onde ir

Vou passar uma noite de amor
Com a marreta Juliana
Meu amigo me emprestou e já me avisou
Com ela não tem nenhum drama

Ela, a marreta Juliana
Vai arrebentar minha cabeça
E num último gemido
Em sustenido
Vou dizer:
“Adeus meu amor
Minha vida foi feita de dor”
Que horror
Rimei amor com dor
Seja como for
Estou daqui partindo
Não sentirei mais dor

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

TROCADILHOS/DESEJOS (Jorge Medeiros)


TROCADILHO (JORGE MEDEIROS)

A gambiarra me iluminou
Uma nova aurora
Que me apresentou
Aos olhos
Novas imagens
Que jamais serão
Turvas
As poeiras sacudidas
Por veículos
E vendavais
Faz sentido e barulho
Na dança
E no canto
Do solitário pataxó
E me recordo
E me amplio
Na poesia que veio do pó
E ao pó me levará

DESEJO (JORGE MEDEIROS)

Flor da pele
Flor da vida
Flor de lótus
Flor de lis
Flores todas não me levem
Ao portal da morte
Quero os umbrais
Dos templos
Dos desejos
Do almíscar
Da menina
Da esquina

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PARA TE AMAR


PARA TE AMAR

E ao olhar você
Olho nos seus olhos
Seu rosto
Seu corpo
Olho seus cabelos soltos

Olho seu olhar
A me fitar
A sonhar
Com o amor
Que tenho pra te dar

Olho seus braços
A me procurar
Procuro seus braços
Até encontrar
Para te abraçar
Para te amar

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

TEMPESTADE

TEMPESTADE

Tem horas que lembro
Da tempestade
Do meu corpo
Trêmulo
Na noite da minha cidade
Das vozes que vinham
Das paredes
Que escureciam meu quarto
Dos ventos que arrancavam
Meu telhado
Das ruas isoladas
No meu coração
Dos beijos que não vinham mais
Da janela aberta
Que ficou embaçada
Sem alegria
Sem nada
Do silêncio que machucava
Amargava
Do deserto sendo atingido
Pelo trovão
Do céu vazio
Como minha imensidão
Da neve fria
Que nascia da solidão
Mesmo assim não me sentia
Ilhado
Ou desolado
Pois no fundo eu sabia
Que você sempre estaria
Ao meu lado

sábado, 20 de novembro de 2010

MEU CARRO E EU (Arnoldo Pimentel e Rodrigo Souza)


MEU CARRO E EU
Arnoldo Pimentel e Rodrigo Souza

Não importa a velocidade que está o carro que dirijo
Se o pára-brisa estará rachado ou não
No fim da estrada que percorremos
O que importa é se estaremos vivos

Mesmo indo pela contramão
Mesmo que as placas digam para não avançarmos
Nós as ignoramos porque podemos tudo
Nós ultrapassamos as barreiras, excedemos as emoções
Mas que no fim da estrada estejamos vivos

Para contarmos nossa história
Para alguém filmar uma curta metragem
Ou escrever um livro, um panfleto
Sei lá o que, para esquecerem no banco do trem
Depois da viagem

domingo, 14 de novembro de 2010

QUANDO EU ESTAVA VIVENDO NAZARETH


QUANDO EU ESTAVA VIVENDO NAZARETH

Não sei por que queria ouvir Nazareth
Mas eu precisava sair para olhar o mundo
Não importava o que eu iria perder
Pois no fundo do mar perdemos tudo

Ou você sabe onde está seu tesouro?
Por que será que eu não caminhei?
Onde estavam minhas flores?
Eu não conseguia me encontrar

O disco do Nazareth foi tudo
Era meu momento, pois tinha que te beijar
Minhas veias eram o jardim do meu coração
Mas não viviam tudo que precisavam

Talvez eu estivesse escondido no armário
Quando você chegou para fazer amor
E como minha timidez era mais forte
Fiquei encolhido entre as latas de cereais

Mas hoje estou tentando viver Nazareth
Tento descrever nossos momentos
Que na verdade foram levados pelo vento
Antes que tivéssemos vivido, em vão, talvez

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NÃO MATARÁS


NÃO MATARÁS


Sentirei o frio que desajustou a primavera
Quando cobri meu rosto com os cabelos do inverno
No meio da calçada esverdeada pela centelha da desilusão
Que nasceu do emaranhado de sentimentos na sua partida

Abraçarei os frutos que amadureceram em pedaços
Que caíram das árvores inférteis que vivem na sombra
Onde os ventos da mudança colidiram com a esperança
Que ainda insistia em respirar a fragrância do meu coração

Tentarei esquecer os beijos sonhados na penumbra
Que alimentava minha vida tímida e sem palavras
Que às vezes sorria com desembaraço apenas para disfarçar
A aflição que nascia no momento dos carinhos sem harmonia

Acenarei com um adeus no instante da despedida
Para olhar só mais uma vez o corpo que não possui
Mas que estava entregue nas horas solitárias
Desejando ser abraçado no momento que me perdi

domingo, 7 de novembro de 2010

OS DIAS E AS NOITES


OS DIAS E AS NOITES

Não quero parecer triste
Mas estou com receio
De estar seguindo lentamente
Como num barco a remo
"Rumo ao Farol"
À caminho das trevas
Tenho medo de abocanhar o anzol
Que a solidão atirou
Para conquistar-me por inteiro
Todas as tardes
Procuro esconder-me da noite
Fugir do feixe de luz
Que insiste em iluminar minha vida
Fico embaixo das cobertas
Tentando evitar ser invadido
Pelas nuvens da desesperança
Evito despir-me para meus pensamentos
Minhas cobertas são minha ilha
Minha ilha sem farol
Não quero que me vejam
Que encontrem minha alma
Nos rochedos que as águas
Vão banhar
Durante
Os dias e as noites
Que ainda estão por vir

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ESPAÇO CULTURAL GAMBIARRA PROFANA


Sérgio Salles-Oigers, Fabiano Soares da Silva, Rodrigo Souza, Vinícius Siqueira, Lenne Butterfly, Agnaldo Estrela, Arnoldo Pimentel, Cláudia a Paulistinha, Gabriela Boechat, Márcio Rufino, Ivone Landim, Dida Nascimento, Cláudia Cherr, Jorge Medeiros, Silviah Carvalho, Cristiano Lávister, Rafael Castro, Marcelo Peregrino, Rogério M, Rafael Polemiko, Rosilene Ramos, Lola, Marcelo Muniz, Craken Icarus, Léo da Pelô, Bom Cabelo e muitos outros.

Ônibus
728 - Bonsucesso/Nova Aurora -  Vera Cruz
800-  Madureira/Nova Auroral  -   Caravele, Flores, Vera Cruz
620-  Nova Iguaçu/Nova Aurora-  Vera Cruz
CENTRAL/Nova Aurora           -  Caravele

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

POR MINHAS RAZÕES (Silviah Carvalho e Arnoldo Pimentel)


Por Minhas Razões (Silviah Carvalho e Arnoldo Pimentel)

Minhas razões de outrora hoje tão descabidas
Falava do presente e um futuro cheio de vida
Já amargurado das minhas razões do passado
Concluo que, não vivi, deixei as razões de lado

=Acabei por lembrar que meu deserto
É aqui bem dentro do meu peito
Lugar onde as ondas arrebentam
E deixam-me calado desse jeito

Nada faz sentido se seu motivo não faz diferença
Se há razão ou não, se ainda amo o que importa?
O sonho era meu, implícito por isso fechei a porta
Desanuviando sua face deste-me a sua sentença

=Agora procuro seguir o caminho esculpido
Por minhas esperanças em dias melhores
Um caminho promissor, no silêncio edificante
Até receber novo fôlego e seguir adiante

=Saí desse mar de grades
Que insistia em me aprisionar
Abro os braços, ouso um vôo rasante
Rumo à felicidade além deste horizonte

Liberdade – só, porém livre...
Mesmo que não a tenho escolhido
Meu sincero silêncio não quer dizer sim ou não
Espere o meu tempo ou busque outro coração.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

"INTERIORES"


"INTERIORES"

Vaso que decorava a sala
Que ficava num canto
Olhando todo desencanto
Que ali habitava

Um vaso sem flores
Flores que poderiam decorar
A canção solitária das ondas
Que se faziam escutar no quebra mar

Porta aberta de frente pra praia da sala decorada
Cortina de fumaça no canto da janela
Jazz que toca na vitrola
Vento que trás boas lembranças de outrora

Mar iludido pelo silêncio das ondas
Decorado pela lua que ilumina a vida partindo
Ondas batendo
Mar se abrindo
Cortina de fumaça que embaça
Coração que se esconde na fumaça
Do mar que abraça

Vaso que decora o canto da sala
Sem vida para apreciar
Vida que ficou escondida na cortina de fumaça
E partiu com as ondas que silenciam
O fim do mar

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

CÉU AZUL


CÉU AZUL

A cidade é a mesma
A cachoeira a mesma
Desfigurada por mãos inocentes
Cortadas e ausentes

Olhares esquecidos
Despidos
Desiludidos
Pelo fim da puberdade

Céu azul
Mergulho lívido e fundo
Em busca do tesouro perdido
Com o fim da idade

Carícia trêmula
Na carne ansiosa
Por toques dos ventos
Da saudade.

sábado, 30 de outubro de 2010

FEBRE


FEBRE

Vem da febre
O meu lamento
O meu tormento
Meu sustento

Vem da febre
O suor seco
Que escorre pelo meu corpo
Quase roxo

Vem da febre
Minha cicatriz
O mormaço
Do meu bagaço

Vem da febre feito cicatriz
O lamento do meu corpo
Seco de querer viver
No tormento de não ter porque morrer

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

BEIJA-FLOR (M. deOliveira)


BEIJA-FLOR
Autora: M. deOliveira
Blog: http://meusamigosseusmimosmeusencantos.blogpot.com
Visite o blog da M. deOliveira (Outros Encantos)

Acordei ao romper d’aurora
Alguém me batia à janela
Espreitei p’ra ver quem era
Era o beija-flor que te levara
O mel das flores do meu jardim!
Trazia-me o teu recado
Num envelope azul
Com as nuvens que colheras no
Céu p’ra mim
Então entreguei-lhe um cestinho
Cheio de amor e carinho!
Pedi-lhe que fosse a correr
P’ra que pudesse chegar
Antes do amanhecer.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ENCANTO


ENCANTO

Acabou-se o encanto
A ilusão
A espera
Que nasceu depois do rápido olhar pela manhã

Um olhar de longe
Passaria o dia atravessando a ponte
Para poder abraçar
Para poder beijar
Poder amar

Passaria o dia sonhando com o entardecer
Sonhando ter um pouco de você
No final da ponte, no poente
Simples ilusão de gente como a gente

Chegou o esperado arrebol
Cores sutis colorindo o farol
Com ele a desilusão
Um aperto no coração

Um simples olhar de longe
Do outro lado da ponte
Ela quer apenas seu olhar
Ela vive pra noite
Pra beijar o mar

sábado, 23 de outubro de 2010

FOLHA


FOLHA

Não estou para os dias que vi morrer
Que partiram sem nada dizer
Deixando apenas o cartão postal
Com a figura escondida do sol

Não estou para as lágrimas que vi nascer
Que afligiram os dias de chuva
Sonhando com o amor
Que não vai acontecer

Sou triste sem você
Que nunca disse eu te amo tanto
Que se veste de desencanto

Não lembro o sorriso que partiu
Como a folha que se desprendeu
Como o sonho que apenas morreu

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

POETA SOBRE OS VENTOS (Luciene Lima Prado)


POETA SOBRE OS VENTOS
Autora: Luciene Lima Prado (Blog: HTTP://poemastecidos.blogspot.com
Poema dedicado ao amigo e poeta Arnoldo Pimentel
Fiquei muito feliz e honrado com esse presente da amiga e poetisa Luciene
Visitem o blog da Luciene é muito bom

POETA SOBRE OS VENTOS

Alcanço as canções que voam pelo céu,
Rodeio o silêncio e o transformo em poesia;
Nada impede sua passagem entre a ventania
Ou entre teus olhos que tanto mudam de cor,
Leio na música meu próximo poema,
Devagar, que ainda é cedo
Onde a ventania vai ainda passar.

Parece ventania, mas são apenas meus versos ocultos,
Introvertidos, fazendo rebuliço em meus dedos;
Mostrando-me que não há limite nas palavras,
Enquanto, nos sentimentos, quantos “poréns”!
No navegar da noite ou no ancorar da manhã,
Tenho a poesia ao meu favor e sinto seu frescor;
E se pedem para calar eu grito mais alto em um papel,
Levando minhas palavras em versos eternos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ESTRADEIROS (Roseli)


ESTRADEIROS
Autora: Roseli (Blog: http://vidaslife-vidaslife.blogspot.com)
Conheçam o blog Vidaslife, é muito bom
Esse poema da minha amiga Roseli lembrou-me liberdade,filmes de estrada, que gosto demais, filmes tipo
"Sem Destino" do Dennis Hopper com Dennis Hopper, Peter Fonda e Jack Nicholson
"Selvagem" do Laslo Benedek com Marlon Brando, Lee Marvin e Mary Murphy
"Thelma & Louise do Ridley Scott com Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel e Brad Pitt

ESTRADEIROS
Viajar por caminhos tranqüilos
Vejo os montes além do horizonte
Sobe e desce de estradas que cortam
Entre curvas os vales passando

Montes verdes caminhos traçados
Rios, flores pra trás vou deixando
Coloridos vales cortando
Maravilhas que eu vejo encantando

Vejo a névoa que corta a montanha
Sinto o frio que bate gelado
Nestes contos preciosos da vida
Chuva fina que cai como agrado

Entre as curvas os vales passando
Sobe e desce de estradas que cortam
Nestes vales eu passo encantada
E os sonhos pra trás vou deixando

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SINOS


SINOS

São apenas os sinos que ouço
Enquanto caminho pela rua de baixo
Sempre os ouço pelas seis da manhã
No começo de um novo dia igual aos outros

É apenas uma igreja onde os sinos badalam
Onde todos se calam
Na tentativa de se encontrar
De encontrar

Nessas horas queria estar próximo ao mar
Mar de gelo
Mar de sal

Sentir o tom avermelhado
Do arrebol
Tocar de leve meu rosto
E colorir a areia da praia

Praia beijada pelas ondas
Abraçada pelo calor
Calor do fim da tarde sob o sol

Algum lugar onde eu pudesse apenas caminhar
Ver o vôo livre do condor
Não importando se ouço sinos
Ou onde estou

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

POESIA CENSURADA


POESIA CENSURADA

Minha poesia é censurada
Cortada
Queimada
Pelo fogo que queima a terra

Minha poesia é um abismo
No meio do vale de páginas mortas
Que querem me moldar
Que querem me calar

Minha poesia é sentido sem sentido
Um grito que ecoa no canto torto
Da ansiedade
Da vontade de escrever
Mesmo que não queiram ler

Minha poesia é minha ferida
Bendita
Ou maldita
Apenas minha ferida

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PÁSSARO AZUL


PÁSSARO AZUL

Se eu tivesse um pássaro azul
Deixaria cantando livre em volta do arco-íris
Em volta da lua cheia que ilumina a noite
Livre como nuvens soltas no céu

Se eu tivesse um pássaro azul
Não aceitaria gaiolas no meu quintal
Deixaria brincando de balanço
Com a menina do quadro a tarde inteira

Colheria flores para presentear a moça na primavera
Beijaria as gotas de orvalho
Quando estivessem nascendo das estrelas

Se eu tivesse um pássaro azul
Não seria meu, seria livre como o pensamento
Livre como as gotas de vento

terça-feira, 5 de outubro de 2010

GOTAS DO SOL


GOTAS DO SOL

Tem dias que olho as gotas do sol
Ou as gotas de chuva
E penso em você
E penso nas gotas que farão o anoitecer

Penso nas folhas que balançam ao brindar o vento
Penso nas flores do seu olhar
Olhar meigo que através das gostas eu vi
Vento feito das folhas do olhar que senti

Tem dias que sinto as flores
Que enfeitam o jardim
Que nasceu das gotas do sol

Das gotas de chuva
Do orvalho que veio na noite
Apenas para sorrir

sábado, 2 de outubro de 2010

CHUVA


CHUVA

Sempre que a chuva cai
Fica um pouco mais difícil a caminhada
Os pés afundam no barro
A sala perde o assoalho

Fica difícil até mesmo fazer sinal para o ônibus
Rua sem calçada
Tarde sem poeira
Ovo estrelado na frigideira

Olhos molhados por gotas de orvalho
Noite caindo no meio da conversa
Violão podando imagem sem aquela pressa

Canções que refrescam a alma
Palavras soltas ao acaso
Fragmentos de beijos e poesia
Esquecidos no dia a dia

Visite os blogs parceiros dos grupos de poeisa que participo

www.myspace.com/gambiarraprofana
http://po-de-poesia.blogspot.com
http://ccdonana.blogspot.com
http://gambiarraprofana.blogspot.com
http://galeriadeartesbutterfly.blogspot.com
http://umcoracaoqueama.blogspot.com
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http://minhaalmaepoesia.blogspot.com
http://chicletesalgado.blogspot.com
www.dudida.com.br
www.arnoldopimentel.recantodasletras.com.br
www.silviah.net

domingo, 26 de setembro de 2010

SEM VOCÊ


SEM VOCÊ

Já passei a relação de poemas
Então sai para passear um pouco
Passar as horas
Sem sentir essas e outras horas

Estou um pouco triste
Sentando em um banco de madeira
No pequeno jardim
Do shopping

E nem sei como
Terminará o dia
Talvez em alguma praça do Rio
Ou no fundo de algum rio

Acho mesmo que o dia
Terminará como os outros dias
No entardecer
Sem você

Visite os blogs parceiros dos grupos que participo

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

SERENA TRAGÉDIA DE QUEM SE AVENTUROU A MOLHAR A PONTA DOS PÉS NUMA SOPA DE CRUSTÁCEOS (Sérgio Salles-Oigers)


SERENA TRAGÉDIA DE QUEM SE AVENTUROU A MOLHAR A PONTA DOS PÉS NUMA SOPA DE CRUSTÁCEOS

Autor: Sérgio Salles Oigers
Compositor hermético dadaísta, poeta
Poesia do Livro “Os Covardes Também Cantam Canções de Amor”
Idealizador e Criador do Zine: Gambiarra Profana que tem 10 anos e 07 edições


Das lágrimas tudo se espera
E nelas deposito toda a confiança
De quem não mais confia,
A ingenuidade de quem acredita
Que a tristeza seja o pseudônimo da alegria
Fisicamente abalado pelos 30 minutos de prorrogação
E psicologicamente aprisionado pela falta de ilusão
À esmo vejo emergir do sal da lágrima
A cartada final que irá definir
O destino do que se decompõe em mim
Na presumida morte astral
Onde para o que não será vitória
Como sempre não terá festa,
Pois apenas haverá de ser uma segunda-feira
Após um dia de domingo
Em que, ao invés de, eu me pôr a chorar,
Fiquei a beijar um jiló
E a me masturbar com um limão

sábado, 18 de setembro de 2010

TENNESSE


TENNESSE

É apenas um lugar
Que ficou escondido no tempo
Em que a cadeira balançava
Na varanda
Tocada pelo vento
Protegida do sol
Protegida da chuva
Dos olhares ermos
Dos sonhos que vagavam
Perdidos
Pelas noites intranqüilas
Enquanto o outono
Não dobrava a esquina
Da manhã vazia

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

LOCOMOTIVA (José Feldman)


LOCOMOTIVA
Autor: José Feldman

A locomotiva corre
Corre que corre
Corre que corre.

Corre levando a gente
Corre trazendo a gente
E a gente corre e corre
Neste leva-e-traz.

A locomotiva corre e apita
Corre e apita
Corre e apita.

Apita o início do jogo
Apita a voz de comando
Apita a batalha da vida
Apita a vida passando.

A locomotiva corre e pára
Corre e pára
Corre e pára.

Pára na estação
Pára na carga e descarga
De meus momentos de indecisão.

Vai que vai
Vou que vou
Fico que fico.
E a locomotiva apita

E ela corre que corre
E lá vai ela
E lá vou eu!

Corre que corre,
Corre que corre,
Corre que corre...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

BEIJA-FLOR


BEIJA-FLOR
(Poesia inspirada em duas poesias "Beija-flor"

Vi um beija-flor beijando a flor
Mas não vi seus olhos
Estavam depois da ponte
Desde ontem

Vi seus olhos através da vidraça
Vidraça desenhada pela lembrança
Mas não tinha o beija-flor
Não tinha nem uma flor para lhe beijar com amor

Vi um beija-flor atravessando a ponte
Para enfeitar sua tarde
Sua tarde de sol cálido
Doce e ávido

Vi um beija-flor ávido de amor
Do seu amor
E nem mesmo o bilhete que deixei pra você
Na janela, colado à vidraça, ele levou

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ESTRELA DA MINHA NOITE

ESTRELA DA MINHA NOITE

Às vezes olho para o lado
E não vejo minha estrela
Fico sem rumo
Tudo escuro
Parece que o deserto é um grito
Infinito

Parece que tudo irá desabar
Fico sem ar
Sem poder respirar
Sem poder cantarolar

Fico sem saber o que fazer
Longe da noite que poderá me resguardar
Longe do orvalho que poderá semear
A estrela que sonhei encontrar

OCASO DE UMA VIDA (TRILOGIA DO BAR)


OCASO DE UMA VIDA

A garrafa ficou vazia
Sobre a mesa do bar
Não tem nada na vida
Não aprendeu a amar

Está sem cores
Perdeu seus pudores
Enquanto tentava ajeitar a gravata
Apenas para se enfeitar

As ruas estão cambaleando à sua frente
Esqueceu os dormentes
Que usaria para poder se deitar

Seu sol não vai nascer
Seu corpo esgotado vai estremecer
Enfim, vai cair e não mais viver

terça-feira, 7 de setembro de 2010

VULTO FERIDO (TRILOGIA DO BAR)

VULTO FERIDO
É ali que me sinto feliz
Entre um drink e outro
Nasce minha poesia
Esqueço a amargura do dia

É ali que me encontro
Que me desencontro
Que deixo garrafas partidas
Que vivo minha vida sem vida

Sou apenas um vulto no bar
Um vulto que não serve para ninguém amar
Um vulto que só sabe chorar

Sou um vento que passou na mesa do bar
Um vento que não toca nem a flor
Um vento que nasceu sem cor

Sou um vento ferido
Um vento ferido que não sabe amar
Que não sabe soprar
Na direção do mar


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

ANJO CINZENTO (TRILOGIA DO BAR)


ANJO CINZENTO

Talvez a noite não seja estrelada
Não tenha um céu cinzento
Mas tenha um licor na mesa do bar
Para que aqueça um pouco o relento

Os olhos já não sabem dos anjos
Não medem pontes
Não querem se esconder da chuva
Ainda sonham com a fada escondida na fonte

Talvez o bar seja apenas outro lar
Onde possa esconder a tristeza
Até a saudade passar

Talvez a vida esteja mesmo na mesa do bar
Nos olhos que já não querem sonhar
No coração que já não pode amar


domingo, 5 de setembro de 2010

AINDA CHOVE NO MEU CORPO


AINDA CHOVE NO MEU CORPO

Ainda chove no meu corpo
Ainda sinto seus beijos
Ainda sinto seus carinhos
Ainda estou sozinho

Ainda chove no telhado
E seu aroma está no quarto
Sua pele é macia
Mas minha cama está vazia

Ainda ouço nossa canção
Você dedilhando o violão
E eu adormecendo na solidão

Ainda chove em meus desejos
Ainda sinto o frescor dos seus seios
Mas tenho apenas meus anseios

Ainda chove na minha noite
Sem você para me amar
Sem seus olhos para eu olhar

sábado, 4 de setembro de 2010

ROSA ABANDONADA



ROSA ABANDONDA

Uma rosa abandonada na solidão do mar cinzento
Com seus cabelos longos à deriva no vento
Seu olhar perdido ferido pelos espinhos
Pássaro ferido longe do ninho

Uma rosa de cabelos longos que ficou sem amor
Um mar com nuvens cinzentas
Um mar revolto
Como nenhuma pintura inventa

Pérola sem cor
Pintura inventada
Nos olhos sem asas

Um mar que está longe de amar a flor
Águas que sucumbem
Como a rosa engolida pelas nuvens

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SELOS (para todos os amigos)




Estes selos foram presenteados pelas amigas Sarinha
blog: http://samdesnuda.blogspot.com

Vylna - blog: http://portaldememorias.blogspot.com

REGRAS
1- Visitar os dois blogs que presentearam
2- Ler e comentar a poesia (razão do blog existir)

DO SEU CORAÇÃO

Acho melhor deixar as coisas como estão
Não adianta sair procurando por ai
A doçura de um sorriso
O calor de um abrigo

Ou um paraíso

É melhor continuar no mesmo canto
Não cativar as pétalas de orvalho
Que nascem na brisa
E descobrir o que é amar

E depois chorar

Acho melhor ficar encolhido
Sentindo o frio da solidão
Para não ter que sangrar
Não sentir esperança ao olhar a vastidão

Do seu coração

terça-feira, 31 de agosto de 2010

CAMPO DE TRIGO



CAMPO DE TRIGO

Eu não sou um vento
Não sou um lamento
Que se perdeu entre sombras
Entre espaços esquecidos

Não sou um poema
Que ficou numa página de livro
Sem ser lido

Sou apenas um andarilho
Pedindo carona na vida
Que não viu o sermão na montanha
Para refletir
Para tentar existir

Um andarilho
Que não tem um lugar
Um lugar ao sol
Um canto sereno para ficar

Que não tem
Uma casa com lareira
E seleiro
Não tem um veleiro
Um paraíso para descansar
Enquanto olha o mar

Sou apenas um ponto escondido
No campo de trigo

domingo, 29 de agosto de 2010

BEIJO NO VENTO



BEIJO NO VENTO

Parece que foi o vento que passou
Apenas um vulto
Não tive tempo de acenar
De beijar

Parece que foi como estrela cadente
Passou e sumiu de repente
Apenas sonhei
Com as palavras que inventei

No banco da praça ficou apenas a lembrança
Lembrança que nem mesmo existiu
E mesmo assim partiu

Apenas atirei um beijo ao vento
Para ver se conseguiria alcançar
Talvez conseguir beijar quando por aqui voltar

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PRINCESA DE OLHOS AZUIS




PRINCESA DE OLHOS AZUIS
(Poesia dedicada a Silvia Camile)

Os mares são azuis
Azuis como seus olhos
Olhos lindos de criança
Que semeia esperança

Um dia você vai abrir a janela
E deixar o sol entrar
Abraçará os ventos na primavera
Um dia você vai sonhar

Seus sonhos
Serão feitos de flores
Flores de todas as cores

Pois você é uma princesa
E sempre encantará
Estrela que sempre brilhará

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PALAVRAS



PALAVRAS

Palavras são ventos
Ventos se perdem entre árvores
Entre pétalas desgarradas
Entre nuvens ressecadas

Ventos evaporam
Entre palavras que vão embora
Junto com pétalas de nuvens
Quando chega a aurora

Ventos que levam a fumaça do trem
Trem que cruza horizontes
Horizontes que não beijam ninguém

Horizontes de palavras sem ventos
Sem poderem rasgar a aurora
Depois que as pétalas evaporam

domingo, 22 de agosto de 2010

ESTAR SÓ (Henrique Souza)



Henrique Souza é poeta de Nova Iguaçu – RJ, professor de Sociologia e Filosofia, participou do grupo de poesia Desmaio Público e faz parte do grupo de poesia Po-de-Poesia

Poesias integrantes do livro Encantos do Ser

Eu Arnoldo Pimentel tive a honra de declamar ESTAR SÓ, na comemoração dos 02 anos do Po-de-Poesia

ESTAR SÓ

Estar só
É sentir
Na esfera rasa
A profundidade do ser
É ver
O não amor
Exigir soluções de quem ama


SOLIDÃO NÃO É SÓ ESTAR SÓ

Solidão não é só estar só
Só, somente está presente
Na ausência do outro

“Só, só é possível
Na presença do
Outro ausente”

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

EU TE AMEI (Sandra Carvalho)



EU TE AMEI
Autora: Sandra Carvalho

Meu amor era puro e verdadeiro, sem medo, sem culpa
Amava-te com todas as minhas forças, amei-te por inteiro
Amor que me deu vida, amor que me deu paz
Amor ausente. Que eu amava cada dia mais

Amava-te eternamente, era todo teu meu coração
Seu cheiro eu amava intensamente, amava com emoção
Amava sua presença, seu olhar que me fascinava
Que me fazia pensar em você. E me alucinava...

Amava você, chorei por você e cada gota que caia dos meus olhos
Era por você, pela sua ausência, que aos poucos me tirava a paz
Via em você o meu destino, e meu futuro, já não via o passado
Ninguém mais queria em minha vida, pois tinha você ao meu lado

Você que era dono desse lugar, tinha a chave do meu peito
Fazia-me viver mais e mais... Agora não quero mais te amar
Tuas palavras entraram como flechas e percebi não ter mais jeito

Não te quero mais. Esse lugar não é mais seu. Agora quero paz
Deite-te todo meu amor, você pisou, machucou com palavras
Fez-me chorar e não via a minha dor. Vá não quero mais seu amor

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MEU ERRO DE PORTUGUÊS



MEU ERRO DE PORTUGUÊS

Mesmo que corte minha garganta
Para meu sangue escorrer
Todo sangue poderei perder
Para você beber
Mas não poderá me impedir de falar

De gritar que me apontou
Apenas porque viu um erro de português
Apenas um erro em todo o trabalho
Um erro que provocou todo seu escarno
Sumário

Você apontou um erro meu
E quantos erros você não cometeu?
“Atire a primeira pedra quem nunca pecou”
Atire pedras quem nunca errou

Com erro ou sem erro de português
Não dependo e não estou nem ai
Pra você
Pode saber

sábado, 14 de agosto de 2010

RECITAL PARA A PORTA DA COZINHA (Sérgio Salles-Oigers)



RECITAL PARA A PORTA DA COZINHA
Autor: Sérgio Salles-Oigers
Do livro “Os covardes Também Cantam Canções de Amor”
Eu achei lindo demais a Gabriela Boechat declamando essa poesia do meu amigo Sérgio com tanta agressividade. Valeu Gabi, você é 10 mulher.

Eu quero é ver você despencar
Do octogésimo primeiro andar
Dentro de um balde sem água
Olhar sua roupa manchada de sangue
E perceber sua vulnerabilidade

Você que sempre me contava
Estórias de terror em que o sapo e a princesa
Terminavam comendo quebra-queixo no grande final;
Hoje limita-se a olhar para o céu à procura de pilhas
Alcalinas pro seu aparelho de barbear

Todos seus gestos
Foram armazenados na minha unha encravada
Não há nada que eu não saiba sobre você

Rasga-se o tempo
Transforma-se o dia em cana da brava
E seu sorriso permanece
Um mórbido buquê

Duas semanas e meia atrás você me disse
Que os hipopótamos não sabiam plantar bananeira
E que os hipopótamos não sabiam dançar balé

TUDO MENTIRA