Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

BUTIQUIM




Tudo que vejo parece real
O Largo da Carioca
O Convento de Santo Antônio

Algumas paisagens do Rio
Me mostram
O que penso não mais existir

Sou igual a todos
E apesar de às vezes esquecer
A Palavra de Deus
Também mereço sorrir

O metrô fica logo ali
Eu posso ir pro Flamengo
Pra Tijuca
Ou Pavuna
Tanto faz

Depois sair do metrô
Entrar em qualquer butiquim
E deixar a vida seguir

Arnoldo Pimentel

sábado, 1 de setembro de 2012

PESCARIA



                Os seis amigos chegaram na estação ferroviária uns dez minutos antes do trem partir, acomodaram-se num dos vagões, aos sábados por volta das onze da manhã o trem era vazio, colocaram as varas de pescar e molinetes no assoalho do trem. As onze e quinze o trem partiu da estação de Belford Roxo rumo a Central do Brasil, no centro do Rio, a viagem foi tranquila, sem paradas demoradas ou avarias.  Ao chegar na Central, os amigos pegaram os equipamentos de pesca, desembarcaram e foram caminhando até a Estação das Barcas para Niterói que ficava na Praça XV. A travessia da baía foi agradável, sentiram a brisa, o balanço do mar e a conversa foi de vento em popa. Em Niterói seguiram de ônibus para Piratininga, onde chegaram no meio da tarde. Ficaram na praia dando uns mergulhos até perto do anoitecer quando seguiram para as pedras.

- Tomara que a noite seja boa e dê peixes.
- Eu não fui na pescaria em Conceição de Jacareí, tive que fazer hora extra na fábrica.
 - Eu também não, mas vocês pescaram bastante.
-  Foi uma ótima pescaria, vocês três perderam.

                Chegaram nas pedras, começaram a arrumar o equipamento e a noite chegou lentamente, dali onde estavam dava para ver o Pão de Açúcar, a Urca, lá do outro lado da baía, tudo iluminado, era uma bela visão. A noite passava e parecia que o mar não estava pra peixe.

- Já é tarde, já passa da meia-noite, não pescamos nada.
- A maré não está pra peixe.
- Vai ser igual Conceição de Jacareí.
- Que houve em Conceição de Jacareí?
- Nada
- Houve alguma coisa, pode contar.
- Agora conta lavadeira, você fala demais.
- Merda, choveu a balde, não pescamos nada, pronto falei.
- E aqueles peixes que trouxeram?
- Compramos na feira de Itaguaí, senão iriam sacanear a gente.
- Mordeu!!!
Nesse momento algo mordeu uma das iscas e todos correram para perto do amigo que pegara o peixe.
- Parece grande, está tentando entrar no meio das pedras.
- Cansa ele, puxe.
- Está vindo, se afastem, vou colocar na pedra.
Algo veio pendurado na linha e o amigo gago, que era estreante na pescaria gritou:
- CO-co-co-cobra, co-co-corre
- Que cobra o que.
- E, e, e, e, então ninguém toca, dá, dá, dá choque, é enguia elétrica.
- Que enguia, isso é uma moreia.
- Mo, mo, moreia?
- É.
- I, ,i, i, isso morde?

Arnoldo Pimentel

Se o amigo(a) tiver um tempinho leia a Trilogia da Pescaria, são três poemas inspirados no percurso da pescaria, dê sua opinião, ela é muito importante, abaixo os links