Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

terça-feira, 31 de agosto de 2010

CAMPO DE TRIGO



CAMPO DE TRIGO

Eu não sou um vento
Não sou um lamento
Que se perdeu entre sombras
Entre espaços esquecidos

Não sou um poema
Que ficou numa página de livro
Sem ser lido

Sou apenas um andarilho
Pedindo carona na vida
Que não viu o sermão na montanha
Para refletir
Para tentar existir

Um andarilho
Que não tem um lugar
Um lugar ao sol
Um canto sereno para ficar

Que não tem
Uma casa com lareira
E seleiro
Não tem um veleiro
Um paraíso para descansar
Enquanto olha o mar

Sou apenas um ponto escondido
No campo de trigo

domingo, 29 de agosto de 2010

BEIJO NO VENTO



BEIJO NO VENTO

Parece que foi o vento que passou
Apenas um vulto
Não tive tempo de acenar
De beijar

Parece que foi como estrela cadente
Passou e sumiu de repente
Apenas sonhei
Com as palavras que inventei

No banco da praça ficou apenas a lembrança
Lembrança que nem mesmo existiu
E mesmo assim partiu

Apenas atirei um beijo ao vento
Para ver se conseguiria alcançar
Talvez conseguir beijar quando por aqui voltar

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PRINCESA DE OLHOS AZUIS




PRINCESA DE OLHOS AZUIS
(Poesia dedicada a Silvia Camile)

Os mares são azuis
Azuis como seus olhos
Olhos lindos de criança
Que semeia esperança

Um dia você vai abrir a janela
E deixar o sol entrar
Abraçará os ventos na primavera
Um dia você vai sonhar

Seus sonhos
Serão feitos de flores
Flores de todas as cores

Pois você é uma princesa
E sempre encantará
Estrela que sempre brilhará

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PALAVRAS



PALAVRAS

Palavras são ventos
Ventos se perdem entre árvores
Entre pétalas desgarradas
Entre nuvens ressecadas

Ventos evaporam
Entre palavras que vão embora
Junto com pétalas de nuvens
Quando chega a aurora

Ventos que levam a fumaça do trem
Trem que cruza horizontes
Horizontes que não beijam ninguém

Horizontes de palavras sem ventos
Sem poderem rasgar a aurora
Depois que as pétalas evaporam

domingo, 22 de agosto de 2010

ESTAR SÓ (Henrique Souza)



Henrique Souza é poeta de Nova Iguaçu – RJ, professor de Sociologia e Filosofia, participou do grupo de poesia Desmaio Público e faz parte do grupo de poesia Po-de-Poesia

Poesias integrantes do livro Encantos do Ser

Eu Arnoldo Pimentel tive a honra de declamar ESTAR SÓ, na comemoração dos 02 anos do Po-de-Poesia

ESTAR SÓ

Estar só
É sentir
Na esfera rasa
A profundidade do ser
É ver
O não amor
Exigir soluções de quem ama


SOLIDÃO NÃO É SÓ ESTAR SÓ

Solidão não é só estar só
Só, somente está presente
Na ausência do outro

“Só, só é possível
Na presença do
Outro ausente”

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

EU TE AMEI (Sandra Carvalho)



EU TE AMEI
Autora: Sandra Carvalho

Meu amor era puro e verdadeiro, sem medo, sem culpa
Amava-te com todas as minhas forças, amei-te por inteiro
Amor que me deu vida, amor que me deu paz
Amor ausente. Que eu amava cada dia mais

Amava-te eternamente, era todo teu meu coração
Seu cheiro eu amava intensamente, amava com emoção
Amava sua presença, seu olhar que me fascinava
Que me fazia pensar em você. E me alucinava...

Amava você, chorei por você e cada gota que caia dos meus olhos
Era por você, pela sua ausência, que aos poucos me tirava a paz
Via em você o meu destino, e meu futuro, já não via o passado
Ninguém mais queria em minha vida, pois tinha você ao meu lado

Você que era dono desse lugar, tinha a chave do meu peito
Fazia-me viver mais e mais... Agora não quero mais te amar
Tuas palavras entraram como flechas e percebi não ter mais jeito

Não te quero mais. Esse lugar não é mais seu. Agora quero paz
Deite-te todo meu amor, você pisou, machucou com palavras
Fez-me chorar e não via a minha dor. Vá não quero mais seu amor

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MEU ERRO DE PORTUGUÊS



MEU ERRO DE PORTUGUÊS

Mesmo que corte minha garganta
Para meu sangue escorrer
Todo sangue poderei perder
Para você beber
Mas não poderá me impedir de falar

De gritar que me apontou
Apenas porque viu um erro de português
Apenas um erro em todo o trabalho
Um erro que provocou todo seu escarno
Sumário

Você apontou um erro meu
E quantos erros você não cometeu?
“Atire a primeira pedra quem nunca pecou”
Atire pedras quem nunca errou

Com erro ou sem erro de português
Não dependo e não estou nem ai
Pra você
Pode saber

sábado, 14 de agosto de 2010

RECITAL PARA A PORTA DA COZINHA (Sérgio Salles-Oigers)



RECITAL PARA A PORTA DA COZINHA
Autor: Sérgio Salles-Oigers
Do livro “Os covardes Também Cantam Canções de Amor”
Eu achei lindo demais a Gabriela Boechat declamando essa poesia do meu amigo Sérgio com tanta agressividade. Valeu Gabi, você é 10 mulher.

Eu quero é ver você despencar
Do octogésimo primeiro andar
Dentro de um balde sem água
Olhar sua roupa manchada de sangue
E perceber sua vulnerabilidade

Você que sempre me contava
Estórias de terror em que o sapo e a princesa
Terminavam comendo quebra-queixo no grande final;
Hoje limita-se a olhar para o céu à procura de pilhas
Alcalinas pro seu aparelho de barbear

Todos seus gestos
Foram armazenados na minha unha encravada
Não há nada que eu não saiba sobre você

Rasga-se o tempo
Transforma-se o dia em cana da brava
E seu sorriso permanece
Um mórbido buquê

Duas semanas e meia atrás você me disse
Que os hipopótamos não sabiam plantar bananeira
E que os hipopótamos não sabiam dançar balé

TUDO MENTIRA

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

AMOR E DESEJO



AMOR E DESEJO

Queria ouvir você dizer
Que não me ama
Que nas noites escuras e frias
Não deseja meu corpo

Não deseja os carinhos que eu poderia fazer
Não deseja minhas mãos passeando
Em busca de suas curvas
Em busca do seu prazer

Queria ouvir você dizer
Que não quer
Meus beijos ardentes

Não quer meu olhar em chamas
Não quer sentir nossos corpos suados, enlaçados
Queria ouvir você dizer que não me ama

terça-feira, 10 de agosto de 2010

PEQUENO RINCÃO DE DEUS



PEQUENO RINCÃO DE DEUS

Tinha apenas um coração
Batendo fraco
Olhos tristes
A fitar o lago

Mãos serenas
Tentando dizer adeus
Bela cena
Que embeleza aquele pequeno rincão de Deus

Tinha apenas um coração que queria sonhar
Já não havia muito tempo
Para ficar por lá

Queria apenas sentar à beira do lago
E ali ficar
Até o anjo vir lhe buscar

domingo, 8 de agosto de 2010

RISO (DIA DOS PAIS - O OUTRO LADO)



RISO (DIA DOS PAIS - OUTRO LADO)

Um riso tosco
Um riso morto
Ao lado do cara morto

Um riso acrílico
Ao lado da bala perdida
Que não manda aviso

Um cara caído sem aviso
Sem riso vivo
Sem sobremesa na mesa

Uma família sem jantar
Esperando o pai chegar
Sem saber que nunca mais voltará

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

SER VOCÊ (Rodrigo Souza)



SER VOCÊ
Autor: Rodrigo Souza - Poeta do grupo Gambiarra Profana

Ser você deve ser muito difícil
E ter que me agüentar pela eternidade
Ser eu mesmo é mais difícil ainda
E não te dizer que te quero pra toda vida
As palavras estão na ponta da língua
E a coragem está na ponta dos pés
Ela está voando na minha vida
Enquanto eu estou dentro de um trem
Um dia vou me pôr no seu lugar
Só pra sentir suas emoções
Um dia quero estar na sua vida
E você na minha

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

NÓS (Lenne Butterfly)



NÓS
Autora: Lenne Butterfly - Poetisa do grupo Gambiarra Profana

Eu quero um amor que fale comigo
Que toque minha pele e me deixe à perigo
Que escute o que digo sem fingimento
Que jogue o sabão da roupa em mim
Que me interrompa os afazeres da casa
Pra nos banhar de prazer e ternura
Debaixo do chuveiro, no preparo do jantar
E que guarde a madrugada fria longe do cobertor
Num desejo sem fim acompanhado de carinho e respeito
Que acorde chamando-me de amor
E me trate como seu amor
Um amor especial, astral; universal.

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Postado por Arnoldo Pimentel