O sol ainda não havia se levantado, foi até a estante, pegou um livro, sentou-se no sofá e começou ler, as páginas eram viradas conforme o sol se deitava, conforme os dias passavam, de vez em quando colocava o livro sobre o sofá, levantava-se e ia até a cozinha, preparava um sanduiche, café, sentava-se à mesa, alimentava-se e voltava para a sala, que era decorada, com a estante onde ficavam seus livros, televisão (que quase nunca assistia)um som (que quase nunca ligava) e alguns discos (que nunca ouvia), um jogo de sofá, uma mesa de centro e mais nada, apenas a janela que tinha vista para o Central Park. Foi até a janela, abriu, já era manhã e ficou olhando o Central Park, passeando os olhos pela bela paisagem verde, ouvindo os pássaros cantando nas árvores, abaixou o olhar e ficou olhando as pessoas caminharem, algumas correndo, outras sentadas nos bancos esperando as horas passarem e alguns carrinhos de bebês que ajudavam a pintar a bela paisagem, depois como que voltando a si, fechou a janela e voltou para o sofá, sentou-se e voltou a ler o livro.
No Central Park em frente ao seu apartamento, a vida passava, ele até via a vida passar quando estava na janela, mas não imaginava que do outro lado do Central Park, ela, a moça que um dia não muito distante sentou-se no banco quase em frente ao seu no restaurante onde almoçava e ficou olhando, apenas olhando, sempre despercebida, ficava na sala de seu apartamento em frente ao Central Park lendo um livro, desde o nascer do sol e pensando quando iria realmente lhe ver, se um dia iria lhe conhecer, e assim os dias passavam, as páginas viravam e eles não se encontravam, nem mesmo no Central Park, no amanhecer.