Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

segunda-feira, 25 de julho de 2011

MEDO



Ficou apenas o medo entre
As quatro paredes brancas
Totalmente brancas
O corpo nu e torturado
Com a alma violada
Ficou esperando
O anjo vir lhe buscar
Assim terminaria sua sina
Que começou
E se acabou
Quando quis ser livre
E poder voar

segunda-feira, 18 de julho de 2011

CENTRAL PARK




            O sol ainda não havia se levantado, foi até a estante, pegou um livro, sentou-se no sofá e começou  ler, as páginas eram viradas conforme o sol se deitava, conforme os dias passavam, de vez em quando colocava o livro sobre o sofá, levantava-se e ia até a cozinha, preparava um sanduiche, café, sentava-se à mesa, alimentava-se e voltava para a sala, que era decorada, com a estante onde ficavam seus livros, televisão (que quase nunca assistia)um som (que quase nunca ligava) e alguns discos (que nunca ouvia), um jogo de sofá, uma mesa de centro e mais nada, apenas a janela que tinha vista para o Central Park.  Foi até a janela, abriu, já era manhã e ficou olhando o Central Park, passeando os olhos pela bela paisagem verde, ouvindo os pássaros cantando nas árvores, abaixou o olhar e ficou olhando as pessoas caminharem, algumas correndo, outras sentadas nos bancos esperando as horas passarem e alguns carrinhos de bebês que ajudavam a pintar a bela paisagem, depois como que voltando a si, fechou a janela e voltou para o sofá, sentou-se e voltou a ler o livro.
              No Central Park em frente ao seu apartamento, a vida passava, ele até via a vida passar quando estava na janela, mas não imaginava que do outro lado do Central Park, ela, a moça que um dia não muito distante sentou-se no banco quase em frente ao seu no restaurante onde almoçava e ficou olhando, apenas olhando, sempre despercebida, ficava na sala de seu apartamento em frente ao Central Park lendo um livro, desde o nascer do sol e pensando quando iria realmente lhe ver, se um dia iria lhe conhecer, e assim os dias passavam, as páginas viravam e eles não se encontravam, nem mesmo no Central Park, no amanhecer.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SONHO DO AMOR ETERNO



Eu sei que sou apenas um canto
Um canto cuja melodia
Já se escondeu faz tempo
E que as flores que brotaram no meu jardim
Eram frágeis como aqueles seios que vimos juntos
Sendo beijados através do vidro
Talvez não tenha sido só a chuva
Que me impediu de ir em frente
E viver o sonho do amor eterno
Acho que também foi o medo
Ao ouvir suas palavras
E ver tanto amor nos seus olhos
Talvez seus lábios e seus seios
Tivessem mais sabor do que senti
Naquela noite inesquecível
Depois do cinema
E seu coração estivesse preparado
Depois de tantos dias na chuva
Enquanto o meu estava apenas acordando
E nada mais

terça-feira, 5 de julho de 2011

PEQUENO CONTO INFANTIL


                                      PEQUENO CONTO INFANTIL

Cai do alto
Sem ter como voltar
No tempo
Rumo ao baque
No chão gramado
Ossos quebrados
Peito estourado
O menino
Guarda o estilingue
Com um sorriso
De triunfo nos lábios