Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
PARA TE AMAR
PARA TE AMAR
E ao olhar você
Olho nos seus olhos
Seu rosto
Seu corpo
Olho seus cabelos soltos
Olho seu olhar
A me fitar
A sonhar
Com o amor
Que tenho pra te dar
Olho seus braços
A me procurar
Procuro seus braços
Até encontrar
Para te abraçar
Para te amar
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
TEMPESTADE
TEMPESTADE
Tem horas que lembro
Da tempestade
Do meu corpo
Trêmulo
Na noite da minha cidade
Das vozes que vinham
Das paredes
Que escureciam meu quarto
Dos ventos que arrancavam
Meu telhado
Das ruas isoladas
No meu coração
Dos beijos que não vinham mais
Da janela aberta
Que ficou embaçada
Sem alegria
Sem nada
Do silêncio que machucava
Amargava
Do deserto sendo atingido
Pelo trovão
Do céu vazio
Como minha imensidão
Da neve fria
Que nascia da solidão
Mesmo assim não me sentia
Ilhado
Ou desolado
Pois no fundo eu sabia
Que você sempre estaria
Ao meu lado
sábado, 20 de novembro de 2010
MEU CARRO E EU (Arnoldo Pimentel e Rodrigo Souza)
MEU CARRO E EU
Arnoldo Pimentel e Rodrigo Souza
Não importa a velocidade que está o carro que dirijo
Se o pára-brisa estará rachado ou não
No fim da estrada que percorremos
O que importa é se estaremos vivos
Mesmo indo pela contramão
Mesmo que as placas digam para não avançarmos
Nós as ignoramos porque podemos tudo
Nós ultrapassamos as barreiras, excedemos as emoções
Mas que no fim da estrada estejamos vivos
Para contarmos nossa história
Para alguém filmar uma curta metragem
Ou escrever um livro, um panfleto
Sei lá o que, para esquecerem no banco do trem
Depois da viagem
domingo, 14 de novembro de 2010
QUANDO EU ESTAVA VIVENDO NAZARETH
QUANDO EU ESTAVA VIVENDO NAZARETH
Não sei por que queria ouvir Nazareth
Mas eu precisava sair para olhar o mundo
Não importava o que eu iria perder
Pois no fundo do mar perdemos tudo
Ou você sabe onde está seu tesouro?
Por que será que eu não caminhei?
Onde estavam minhas flores?
Eu não conseguia me encontrar
O disco do Nazareth foi tudo
Era meu momento, pois tinha que te beijar
Minhas veias eram o jardim do meu coração
Mas não viviam tudo que precisavam
Talvez eu estivesse escondido no armário
Quando você chegou para fazer amor
E como minha timidez era mais forte
Fiquei encolhido entre as latas de cereais
Mas hoje estou tentando viver Nazareth
Tento descrever nossos momentos
Que na verdade foram levados pelo vento
Antes que tivéssemos vivido, em vão, talvez
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
NÃO MATARÁS
NÃO MATARÁS
Sentirei o frio que desajustou a primavera
Quando cobri meu rosto com os cabelos do inverno
No meio da calçada esverdeada pela centelha da desilusão
Que nasceu do emaranhado de sentimentos na sua partida
Abraçarei os frutos que amadureceram em pedaços
Que caíram das árvores inférteis que vivem na sombra
Onde os ventos da mudança colidiram com a esperança
Que ainda insistia em respirar a fragrância do meu coração
Tentarei esquecer os beijos sonhados na penumbra
Que alimentava minha vida tímida e sem palavras
Que às vezes sorria com desembaraço apenas para disfarçar
A aflição que nascia no momento dos carinhos sem harmonia
Acenarei com um adeus no instante da despedida
Para olhar só mais uma vez o corpo que não possui
Mas que estava entregue nas horas solitárias
Desejando ser abraçado no momento que me perdi
domingo, 7 de novembro de 2010
OS DIAS E AS NOITES
OS DIAS E AS NOITES
Não quero parecer triste
Mas estou com receio
De estar seguindo lentamente
Como num barco a remo
"Rumo ao Farol"
À caminho das trevas
Tenho medo de abocanhar o anzol
Que a solidão atirou
Para conquistar-me por inteiro
Todas as tardes
Procuro esconder-me da noite
Fugir do feixe de luz
Que insiste em iluminar minha vida
Fico embaixo das cobertas
Tentando evitar ser invadido
Pelas nuvens da desesperança
Evito despir-me para meus pensamentos
Minhas cobertas são minha ilha
Minha ilha sem farol
Não quero que me vejam
Que encontrem minha alma
Nos rochedos que as águas
Vão banhar
Durante
Os dias e as noites
Que ainda estão por vir
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
ESPAÇO CULTURAL GAMBIARRA PROFANA
Sérgio Salles-Oigers, Fabiano Soares da Silva, Rodrigo Souza, Vinícius Siqueira, Lenne Butterfly, Agnaldo Estrela, Arnoldo Pimentel, Cláudia a Paulistinha, Gabriela Boechat, Márcio Rufino, Ivone Landim, Dida Nascimento, Cláudia Cherr, Jorge Medeiros, Silviah Carvalho, Cristiano Lávister, Rafael Castro, Marcelo Peregrino, Rogério M, Rafael Polemiko, Rosilene Ramos, Lola, Marcelo Muniz, Craken Icarus, Léo da Pelô, Bom Cabelo e muitos outros.
Ônibus
728 - Bonsucesso/Nova Aurora - Vera Cruz
800- Madureira/Nova Auroral - Caravele, Flores, Vera Cruz
620- Nova Iguaçu/Nova Aurora- Vera Cruz
CENTRAL/Nova Aurora - Caravele
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
POR MINHAS RAZÕES (Silviah Carvalho e Arnoldo Pimentel)
Por Minhas Razões (Silviah Carvalho e Arnoldo Pimentel)
Minhas razões de outrora hoje tão descabidas
Falava do presente e um futuro cheio de vida
Já amargurado das minhas razões do passado
Concluo que, não vivi, deixei as razões de lado
=Acabei por lembrar que meu deserto
É aqui bem dentro do meu peito
Lugar onde as ondas arrebentam
E deixam-me calado desse jeito
Nada faz sentido se seu motivo não faz diferença
Se há razão ou não, se ainda amo o que importa?
O sonho era meu, implícito por isso fechei a porta
Desanuviando sua face deste-me a sua sentença
=Agora procuro seguir o caminho esculpido
Por minhas esperanças em dias melhores
Um caminho promissor, no silêncio edificante
Até receber novo fôlego e seguir adiante
=Saí desse mar de grades
Que insistia em me aprisionar
Abro os braços, ouso um vôo rasante
Rumo à felicidade além deste horizonte
Liberdade – só, porém livre...
Mesmo que não a tenho escolhido
Meu sincero silêncio não quer dizer sim ou não
Espere o meu tempo ou busque outro coração.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
"INTERIORES"
"INTERIORES"
Vaso que decorava a sala
Que ficava num canto
Olhando todo desencanto
Que ali habitava
Um vaso sem flores
Flores que poderiam decorar
A canção solitária das ondas
Que se faziam escutar no quebra mar
Porta aberta de frente pra praia da sala decorada
Cortina de fumaça no canto da janela
Jazz que toca na vitrola
Vento que trás boas lembranças de outrora
Mar iludido pelo silêncio das ondas
Decorado pela lua que ilumina a vida partindo
Ondas batendo
Mar se abrindo
Cortina de fumaça que embaça
Coração que se esconde na fumaça
Do mar que abraça
Vaso que decora o canto da sala
Sem vida para apreciar
Vida que ficou escondida na cortina de fumaça
E partiu com as ondas que silenciam
O fim do mar
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
CÉU AZUL
CÉU AZUL
A cidade é a mesma
A cachoeira a mesma
Desfigurada por mãos inocentes
Cortadas e ausentes
Olhares esquecidos
Despidos
Desiludidos
Pelo fim da puberdade
Céu azul
Mergulho lívido e fundo
Em busca do tesouro perdido
Com o fim da idade
Carícia trêmula
Na carne ansiosa
Por toques dos ventos
Da saudade.
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