Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

MONÓLOGO SOBRE A CAPACIDADE DE AMAR (Sérgio Salles-Oigers)



POETA DE HOJE: Sérgio Salles-Oigers (chicletesalgado.blogspot.com)

MONÓLOGO SOBRE A CAPACIDADE DE AMAR
Autor: Sérgio Salles-Oigers

            Adormeço sob pancadas de chuva, estou nu ao relento, mas com o pensamento em você, sendo assim não finto frio e nem corro perigo, apenas uma saudade me corre as veias no lugar do sangue.
            Os vários olhos que me vazam corpo à fora não se assemelham aos seus, tão pouco quando contraem-se no momento em que consumamos o amor, incandescendo então para mim, ao nosso deleitar.
           No momento as vertigens que racham a pele fazem ainda mais presente a sua ausência. Busco em vão, alegrar-me com a chuva que cai sobre o meu corpo desprovido de vestes.
           De que adianta respirar o ar que não traz consigo o teu perfume? Pra que me agasalhar em roupas que não possuem o teu calor? O por que desses trovões teimarem em soar sem menor aparência a melodia da tua voz? Em meio a estas perguntas arregaço a boca aos céus para provar do gosto da água da chuva, na esperança que ela seja igual ao sabor da sua boca.
          As bananeiras acenam para mim e o meu corpo enrugado por estar molhado, lambe o estilete. No que não havia sangue, agora já não há saudade, pois minha alma desprendida deste vão corpo meu, já pode acompanhá-la para todos os lados em que vais, para eternamente dizer, te amo.



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ESQUELETOSE (Gabriela Boechat) TENTAÇÃO DE EU (Amanda Nevark)



POETA DE HOJE: Gabriela Boechat e Amanda Nevark

ESQUELETOSE
AUTORA: Gabriela Boechat (Blog: artemundogabriela.blogspot.com)

Preciso me livrar do meu esqueleto urgentemente
Trocar meu sangue, refazer as células
Da membrana plasmática até o núcleo, de todas!
Até esquecer...
Quando isso acontecer
Minhas sinapses serão alinhadas como as estrelas
Minha digestão será perfumada e pura como o vento!
Dessa maneira em meus pulmões haverá dança
Entre oxigênio e gás carbônico
E da maneira mais vazia do mundo
Meus pés continuarão a tocar o chão
Através dos artelhos inferiores...
Quando eu esquecer...


TENTAÇÃO DE EU
Autora: Amanda Nevark

Um café, por favor?
Nada mais clichê, mas que se foda.
Nem de café eu gosto
Tu chegas, tu envolves, tu me matas.
Abocanha-me o calcanhar,
Morde-me o pescoço. O meu Eu
Eu te estupro, te deturpo,
Te roubo e te corrompo
Tu me sorri de volta sufocante de meu gozo
E me passa um café. Acende meus cigarros
Fala com tua voz de chiada, irrita-me
E começa com tuas unhas
Teus cheiros, tuas baforadas. Esqueço.
Tu piscas de volta feliz com meu gozo
Pega o que é seu
E fecha a porta ao sair pelo imundo corredor.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

LIBIDO (Arnoldo Pimentel e Sérgio Salles-Oigers) VENTOS NA PRIMAVERA (Arnoldo Pimentel)



POETA DE HOJE: Arnoldo Pimentel (site: arnoldopimentel.recantodasletrs.com.br)
                               Sérgio Salles-Oigers (blog: chicletesalgado.blogspot.com)

LIBIDO
Arnoldo Pimentel e Sérgio Salles-Oigers

Partiu de você
O desejo de fazer amor
Trincar as costelas
Despetalar a íntima flor
Partiu de você o amor

Partiu de você
A coragem de se entregar
De sentir a dor do prazer
Aprender a amar
Partiu de você o amar

Partiu de nós
O desejo proibido
Da libido
Do beijo entre lençóis escondido

Partiu de você
A ânsia do amor
Molhada de tanto querer
Suada de prazer
Partiu de você o prazer


VENTOS NA PRIMAVERA
Arnoldo Pimentel

Olhei através
Da cerca de arame
E vi que no seu quintal
Brilha o sol
Que brilha
No meu quintal

Um sol de igualdade
Apesar dos ventos
Apesar da sorte
Em saber amar
Através do olhar

Espero
Colher frutas
E repartir
Sentir as flores
E sorrir
No meu lado da terra

Espero
Colher na primavera
A semente que plantei
Através do olhar
No arame
E sentir
Que o sol é o mesmo
Se o inverno passar

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SOM E ADORAÇÃO (Cláudia "A Paulistinha") HÁ DEZ ANOS (Dalva Mineira)



POETA DE HOJE: Cláudia "A Paulistinha) Dalva Mineira

SOM E ADORAÇÃO
Cláudia “A Paulistinha”

Jesus é só dizer teu nome pra te adorar
É só dizer teu nome pra te exaltar Reis dos Reis
É só erguer as mãos e te magnificar
Erga o seu trono com a minha adoração
Te adorarei Senhor Jesus
Consagro a ti meu coração e tudo o que sou


HÁ DEZ ANOS
Dalva Mineira

Amor
Sentimento nobre que dormia
No leito do meu peito
Mas você de uma maneira
Meiga e sutil o despertou
E o leva a caminhar por veredas
Que se um dia for voltar sozinho
Se perderá no caminho
E ao relento sem abrigo morrerá


sábado, 22 de janeiro de 2011

DA VIOLÊNCIA (Sil) TELHADO ANTIGO (Wilson Manoel)



POETA DE HOJE: Sil , Wilson Manoel

DA VIOLÊNCIA
Autora: Sil

Diante deste fluxo complexo
Perdemos até o nexo
E o amplexo

O reflexo é estilingue certeiro
Com que o seixo
Atinge no eixo

TELAHDO ANTIGO
Autor: Wilson Manoel

De sobre os telhados
Aspergidos de chuva
O barro chora
Ritmicamente triste
Com o pesar
De ver os amantes
E não amar
De ter o céu
E não ter por quem rezar

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

TEMPO DE ESPERA (Dida Nascimento) QUE ASSIM SEJA (Camila Senna)



POETA DE HOJE: Dida Nascimento, Camila Senna

TEMPO DE ESPERA
Dida Nascimento (Site: www.dudida.com.br)

A cada gota
Um som há de tocar
Sob os cristais e as estrelas
Seu sorriso me inspira
Enquanto ouço os passos
E a orquestra de Sevilha...
Que a saliva há de molhar o chão
O quanto a chuva
Abre caminho para sua vinda.

QUE ASSIM SEJA
Autora: Camila Senna (Blog: minhaalmaepoesia.blogspot.com)

Que o meu respirar livremente, ninguém o tente sufocar
Que o meu olhar forte para o mundo, não o tentem findar
Que o meu falar sem ensaiar, ninguém o tente calar
Que o meu sentir aguçado e sensível, não o tentem enganar
Que a auto-estima que eu conquistei, ninguém a tente baixar
Que a amizade sincera que tenho, não a tentem comprar
Que o meu agir impetuosamente, ninguém o tente orpimir
Que a alma desnuda que tenho não a queiram vestir
Vesti-la de sujidade, fazendo ocultar a nobreza em mim
Que a liberdade que anseio a cada dia, ninguém a tente impedir
Colocando espinhos nos meus caminhos... e amarras nas minhas pernas
Ainda que consigam, será por pouco tempo, pois sempre haverá uma senda
Que a paz que eu busco, não ousem invadir
Que a alegria que possuo, ninguém a tente abater
Que o amor que habita em mim sempre venha existir se renovando a cada alvorecer

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

GUARDIÃO DO TEMPO (Agnaldo Estrela) SEM PRESSA (Luis Anjos)


AS POSTAGENS DESSE BLOG SERÃO DE POEMAS DO ZINE 08 DO GAMBIARRA PROFANA, GRUPO DE POESIAS QUE PARTICIPO, O ZINE TEM 27 POESIAS DE 23 POETAS,ENTRE ELES, Sérgio Salles-Oigers, Márcio Rufino, Fabiano Soares da Silva, Arnoldo Pimentel, Jorge Medeiros, Agnaldo Estrela, Silviah Carvalho, Lenne Butterfly, Ivone Landim, Gabriela Boechat e outros.

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POETA DE HOJE: Agnaldo Estrela e Luis Anjos

GUARDIÃO DO TEMPO
Agnaldo Estrela

Eu sou poeta do fogo que vaga sob o sol
Sou estrela cadente na da manhã
Um disparo certeiro em meio a escuridão
Um disparo no peito em meio ao coração
Que não sobreviverá

SEM PRESSA
Luis Anjos

Todos os dias,
Len-ta-men-te,
Caminhamos em direção a morte.
Como a areia que escorre  na  ampulheta,
Dis-cre-ta-men-te,
Lançamos  nossa  vida  a  própria  sorte.
E  cedo  ou  tarde,  
Sor-ra-tei-ra-men-te,
Na  nossa  história  é  feito  um  corte.

sábado, 15 de janeiro de 2011

ESSE AMOR (Silviah Carvalho) SEMÁFARO (Dani Oliveira)


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POETA DE HOJE: Silviah Carvalho, Dani Oliveira

ESSE AMOR
Silviah Carvalho (www.silviah.net   / http://umcoracaoqueama.blogspot.com)

Se soubesses o quanto te amo
Se soubesses ao menos o que é o amor
Me diria "Adeus" de bom grado
Já que, não sabes devolver o que te dou

SEMÁFARO
Dani Oliveira

Siga.
Atenção.
Pare!! Pare !!
(Grita o semáfaro)
O motorista segue tranquilo.
E a criança beija o asfalto...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ENCANTO (Lenne Butterfly, Sérgio Salles-Oigers) ANDARILHO HOSPEDEIRO (Sérgio Salles-Oigers, Fabiano Soares da Silva)


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POETA DE HOJE: (Sérgio Salles-Oigers, Fabiano Soares da Silva e Lenne Butterfly)

ENCANTO
Autores: Lenne Butterfly, Sérgio Salles-Oiegers

Tenho um mundo pra te dar
E guardar dentro de mim
Assim, proteger mais

É como ter estrelas do mar
Incandescentes dentro do olhar
Sem jamais querer fugir
Do amor que é simples
O amor é muito simples


ANDARILHO HOSPEDEIRO
Autores: Sérgio Salles-Oigers, Fabiano Soares da Silva

Com suor nos olhos e lágrimas nas mãos
Depois da última decisão
Decidi não decidir nada
Decidi não decidir nada
Decidi que o melhor era a indecisão

Com prego sem ponta na ponta dos pés
Me calo em mais de mil decibéis
O que me fala é o que me cala
O que me fala é o que me cala
O que me cala é esta indecisão

Em terras de Antônio Conselheiro
Quem terá um conselho pra me dar?
Penso em sorrir, sair um pouco
Mas a tarja preta me contorna

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

PALAVRAS DE MÃE, LOGO APÓS O PARTO (Matheus José Mineiro), FAROL DE SÃO TOMÉ (Fabiano Soares da Silva)



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POETA DE HOJE: Fabiano Soares da Silva e Matheus José Mineiro

PALAVRAS DE MÃE, LOGO APÓS O PARTO
Autor: Matheus José Mineiro

Filho!Infla o teu peito,
Firma as tuas pernas
E despeje dos braços todo o medo
Agarre teu escudo,
Tua espada e teu capitel
E parta para a luta temporal
Contra este monstro, cujo nome é Vida
Mas não me culpes por esta desdita,
Suportes tudo, pois o teu galardão
Será um caixão na terra umedecida.


FAROL DE SÃO TOMÉ
Autor: Fabiano Soares da Silva (BLOG: fabianopoe.blogspot.com)

Haverá sempre um farol
Seja aqui, seja em qualquer lugar
Para iluminar,
Quando a noite chegar
E o inverno partir,
Para teu sorriso expandir.
A luz do sol por um triz
Não brilha mais que teus olhos.
Súplicas de quem não quer mais nada
Que apenas ser feliz.
Mas quando a noite chegar
E à deriva o pensar,
Devagarzinho se aproximar,
Haverá sempre um farol
De braços aberto a te dar
O porto seguro.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

OUTRO APRISCO (Ivone Landim) ENTRE YAKISSOBAS E VONTADES INFINITAS (Tati Costa)

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POETA DE HOJE: Ivone Landim e Tati Costa

OUTRO APRISCO
Autora: Ivone Landim

Não sei ainda
Mas fui envolvida neste princípio
De Adão, Lilith e Eva
Não sou pertencente a estes mistérios
Meu Deus é O Único que fala línguas diversas
Então sou extra terra
Sou uma constante estrangeira
Nestas areias quentes
Tudo é loucura de Salomão
Que depois de uno se fez Múltiplo
Sou índia e filha do vento
De tupã sou Raio Estrelar
Fui envolvida
Não pertenço a Tribo de Judá



ENTRE YAKISSOBAS E VONTADES INFINITAS
Autora: Tati Costa

À par de seus desejos superficiais e cristalizados
Distancio-me não só da mesa
Em que estão postos nossos pratos;
Antes de sair das cenas que se avultam e repetem,
Refaço-me. Sem a maquiagem de pierrô triste,
Para me intrometer e estampar
Com cinza os dias alheios.

Um furacão se forma nas minhas entranhas

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

MINHA RUA (Poema coletivo) BAGAGEM DE MÃO (Jorge Medeiros)


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POETA DE HOJE: Márcio Rufino e alunos da turma 403 e Jorge Medeiros

MINHA RUA
Autores: Márcio Rufino e alunos da turma 403 da E.M. Santos Dumont (Mesquita RJ)

Na minha rua
Tudo o que passa na minha cabeça acontece!
Existe um castelo e passa um menino tão belo!
Tipo caramelo, tipo pé de chinelo
Que toda menina gosta
Gosta de ver e namorar!
E gosta de ver o vento passar
Namorar à luz da vela
E a natureza é tão bela!
Quando o raio solar bate nela
Parece uma aquarela...

BAGAGEM DE MÃO
AUTOR: Jorge Medeiros

Minha bagagem
Não é tão espessa
Quanto a de madrinhas
E de padrinhos de poesia
Que vivem a sacudir
Poeira e verdades inteiras
Minha bagagem
Meus caros amigos poetas
É uma valise de mão
Que carrega versos curtos
Essenciais a uma viagem
De ida, sem volta.

sábado, 1 de janeiro de 2011

ASFIXIA (Ana Flávia) / O PÃO E A FOME (Rosilene Ramos)


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POETAS DE HOJE: ANA FLÁVIA E ROSILENE RAMOS

ASFIXIA
Autora: Ana Flávia

Se nossa amizade fosse uma balsa que precisássemos dela
Para chegar à outra margem do rio estaríamos perdidos.

Mas como o que existe entre nós
Não é amor ou amizade
E sim o mais puro e sórdito tesão
Poderemos nos romper vorazmente
Enquanto o mundo a nossa volta
Em seu emaranhado de escrúpulos coniventes
Emerge.


O PÃO E A FOME
Autora: Rosilene Ramos

O menino pede pão
E recebe um não...
O menino pede água
E escuta: ___ Passa!
O menino chora
E lhe enxotam porta afora
O menino vai andando desnorteado
E pá...! É atropelado
Não há mais fome
Não há mais sede
E alguns espectadores dizem:
__Ele partiu para um mundo
Melhor que este.