Os seis amigos chegaram na
estação ferroviária uns dez minutos antes do trem partir, acomodaram-se num dos
vagões, aos sábados por volta das onze da manhã o trem era vazio, colocaram as
varas de pescar e molinetes no assoalho do trem. As onze e quinze o trem partiu
da estação de Belford Roxo rumo a Central do Brasil, no centro do Rio, a viagem foi
tranquila, sem paradas demoradas ou avarias.
Ao chegar na Central, os amigos pegaram os equipamentos de pesca,
desembarcaram e foram caminhando até a Estação das Barcas para Niterói que
ficava na Praça XV. A travessia da baía foi agradável, sentiram a brisa, o
balanço do mar e a conversa foi de vento em popa. Em Niterói seguiram de ônibus
para Piratininga, onde chegaram no meio da tarde. Ficaram na praia dando uns
mergulhos até perto do anoitecer quando seguiram para as pedras.
- Tomara
que a noite seja boa e dê
peixes.
- Eu não
fui na pescaria em Conceição de Jacareí, tive que fazer hora extra na fábrica.
- Eu também não, mas vocês pescaram bastante.
- Foi uma ótima pescaria, vocês três perderam.
Chegaram nas pedras, começaram
a arrumar o equipamento e a noite chegou lentamente, dali onde estavam dava
para ver o Pão de Açúcar, a Urca, lá do outro lado da baía, tudo iluminado, era
uma bela visão. A noite passava e parecia que o mar não estava pra peixe.
- Já é
tarde, já passa da meia-noite, não pescamos nada.
- A maré
não está pra peixe.
- Vai ser
igual Conceição de Jacareí.
- Que
houve em Conceição de Jacareí?
- Nada
- Houve
alguma coisa, pode contar.
- Agora conta
lavadeira, você fala demais.
- Merda,
choveu a balde, não pescamos nada, pronto falei.
- E
aqueles peixes que trouxeram?
-
Compramos na feira de Itaguaí, senão iriam sacanear a gente.
-
Mordeu!!!
Nesse
momento algo mordeu uma das iscas e todos correram para perto do amigo que
pegara o peixe.
- Parece
grande, está tentando entrar no meio das pedras.
- Cansa
ele, puxe.
- Está
vindo, se afastem, vou colocar na pedra.
Algo veio
pendurado na linha e o amigo gago, que era estreante na pescaria gritou:
-
CO-co-co-cobra, co-co-corre
- Que
cobra o que.
- E, e,
e, e, então ninguém toca, dá, dá, dá choque, é enguia elétrica.
- Que
enguia, isso é uma moreia.
- Mo, mo,
moreia?
- É.
- I, ,i,
i, isso morde?
Arnoldo
Pimentel
Se o amigo(a) tiver um tempinho leia a Trilogia da
Pescaria, são três poemas inspirados no percurso da pescaria, dê sua opinião,
ela é muito importante, abaixo os links
PONTES PODEM SER FEITAS DE AREIA
CAFÉS E QUADROS À MARGEM DO SENA
GAIVOTAS PRÓXIMAS AO ANCORADOURO