Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

MONÓLOGO SOBRE A CAPACIDADE DE AMAR (Sérgio Salles-Oigers)



POETA DE HOJE: Sérgio Salles-Oigers (chicletesalgado.blogspot.com)

MONÓLOGO SOBRE A CAPACIDADE DE AMAR
Autor: Sérgio Salles-Oigers

            Adormeço sob pancadas de chuva, estou nu ao relento, mas com o pensamento em você, sendo assim não finto frio e nem corro perigo, apenas uma saudade me corre as veias no lugar do sangue.
            Os vários olhos que me vazam corpo à fora não se assemelham aos seus, tão pouco quando contraem-se no momento em que consumamos o amor, incandescendo então para mim, ao nosso deleitar.
           No momento as vertigens que racham a pele fazem ainda mais presente a sua ausência. Busco em vão, alegrar-me com a chuva que cai sobre o meu corpo desprovido de vestes.
           De que adianta respirar o ar que não traz consigo o teu perfume? Pra que me agasalhar em roupas que não possuem o teu calor? O por que desses trovões teimarem em soar sem menor aparência a melodia da tua voz? Em meio a estas perguntas arregaço a boca aos céus para provar do gosto da água da chuva, na esperança que ela seja igual ao sabor da sua boca.
          As bananeiras acenam para mim e o meu corpo enrugado por estar molhado, lambe o estilete. No que não havia sangue, agora já não há saudade, pois minha alma desprendida deste vão corpo meu, já pode acompanhá-la para todos os lados em que vais, para eternamente dizer, te amo.



2 comentários:

  1. Arnoldo,

    soberbo texto sobre a ausência e presença, onde os aromas reflectem as viagens.

    bj

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  2. ausência é a forma de silencio que mais doi.

    bjs
    Insana

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