
Fechou a porta do quarto, nem sabe porque, não havia mais ninguém mesmo, atravessou a sala completamente nu, entrou no banheiro, abriu o chuveiro, saciou seus desejos, tomou um banho demorado, perfumou-se e vestiu-se, foi até a cozinha, tomou um café da noite anterior que estava na garrafa térmica, foi em direção a sala, orou por seu dia e por mais ninguém, que se dane o mundo. “Cada um por si e Deus contra todos ou por todos”, tanto faz, isso não lhe interessava, ajeitou a gravata, abriu a porta da sala, saiu, fechou-a atrás de si, entrou no carro, deu partida e saiu rumo a mais um dia de trabalho. Sua filosofia de vida é assim, fala sempre o que as pessoas querem ouvir, elas ouvem qualquer coisa mesmo, só depende do jeito de falar, paz ou guerra, vida ou morte, bondade ou maldade, amor ou dor, isso não lhe importa, falará e fará o que o dinheiro ou o poder mandar. Venderia sua alma para qualquer um que a quisesse, o que lhe importava era ter vantagem, viver bem, ter tudo e salvar o seu, nesse tal mundo cão.