Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

sábado, 30 de março de 2013

DO LADO DE DENTRO TAMBÉM EXISTEM MUROS


Na minha escola o pátio do recreio era de terra,
Só bem depois fizeram uma quadra de cimento.
Na sala de aula não tinha aula de história,
Da verdadeira história,
Nem aula para construir uma memória,
Uma identidade.
A violência era silenciosa,
As bocas eram mudas, os olhos eram cegos,
E os alunos não podiam ter vontade própria.
As janelas eram vagas
Como as estrelas da ursa maior 
De lá não se podia ver o atlântico, nem o pacífico.
Mas na frente da escola tinha um mastro,
Onde tremulava a bandeira do brasil.

Arnoldo Pimentel


domingo, 3 de março de 2013

FLORES NO MEIO FIO




Não sei por que
Nascem flores no canto da rua
Junto ao meio fio
Se por ali
Passam pés arrastando correntes

No fim do dia oram
E tudo continua igual

Os trens estão sempre lotados
É para todos
Mas a Barra pra poucos

Que também oram
Para que tudo continue igual

No meio fio nascem flores
A noite chega sem flores
E o ponto final do trem
Ainda não é o ponto final